Deslizamentos em Franco da Rocha

Após novo período de grande carga de trabalho, retomo nosso blog mais uma vez com a triste notícia de mais uma tragédia com as fortes chuvas que ocorreram neste janeiro de 2022.

Lamentamos muito as vidas perdidas e precisamos entender como tais situações acontecem para evitá-las. Farei apenas uma observação rápida de como a Engenharia pode ser usada para evitar desastres semelhantes e proteger as pessoas, principal finalidade de um engenheiro. Para isso vou emprestar a imagem aérea de um deslizamento publicada pelo site do G1:

Foto 1: Antes do deslizamento

fonte: Veja antes e depois das chuvas em Franco da Rocha, na Grande SP | São Paulo | G1 (globo.com)

Este deslizamento ocorreu na rua São Carlos em Franco da Rocha. Da imagem de satélite, para um olhar de Engenheiro bem formado, pode-se interpretar que a curvatura da rua não foi feita sem motivo: ela acompanha a curva de nível do terreno. Quando curvas de nível têm esse tipo de conformação curva, a “ponta” delas indica a região mais alta, e pode-se traçar uma linha ligando essas “pontas” das curvas de nível para obter o caminho que as águas de chuva devem seguir por gravidade, ou seja, o talvegue (ponto mais baixo na região inclinada) pelo qual a água naturalmente vai passar.

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Lives no Instagram

Faz tempo que não escrevo aqui, mas é que estive envolvido com Lives, aprendendo como fazê-las no Instagram. Abaixo seguem os links das Lives que fiz toda quinta-feiras, desde 23/04/2020, com diversos convidados (veja todos no “leia mais…”). Vou atualizá-las com frequência aqui de agora em diante. Siga no Instagram @kurt.amann e #kurt_carreiradeengenheiro.

Lista de Lives do Kurt no Instagram (para as demais acesse a página de Lives Profissionais )

23/04/2020 (quando tudo começou – não armazenada: a atuação de um Perito)

Com Luis Henrique: Carreira de Engenheiro e Perícia

30/04/2020 (não armazenada)

Com Luis Henrique: Você já pensou em ser Perito? (aspectos complementares da Live de 23/04)

07/05/2020 (não armazenada)

Com Augusto Stolai: Carreira de Engenheiro e Infraestrutura (experiências em obras de infraestrutura)

14/05/2020

Com Ittalo Ayache: Carreira de Engenheiro: o começo (como começar sua empresa)

https://www.instagram.com/p/CAL50Ozll-9/

Veja os demais convidados e temas no “Ler mais”…

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Recalques em Fundações

Olhando hoje cedo o Instagram, senti-me compelido a contribuir com uma resposta a um comentário sobre qual seria a responsabilidade do engenheiro no caso de se seguir todas as normas de projeto e execução e, ainda assim, ocorrer recalque significativo que comprometa a obra:

Figura – 1 minha resposta ao comentário no Instagram (kurt.amann)

Embora a resposta tenha sido longa para os padrões do Instagram, senti que ainda faltam detalhes a serem discutidos e penso que aqui é o lugar adequado, até mesmo para ampliar o público que pode ter a mesma dúvida.

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Entrevistas – jan / fev – 2019

Seguem aqui os links para as entrevistas concedidas pelo Kurt nos últimos meses (janeiro e fevereiro de 2019).

Pontes de Palitos de Sorvete

Entrevista concedida em 18 de Setembro de 2019.

ver a partir dos 12:32

Os benefícios da participação dos estudantes no concurso é viver a experiência de desenvolver um projeto de engenharia completo, desde a concepção da estrutura, planejamento da forma de execução e de uso dos recursos, inclusive a mão-de-obra (4 alunos x 4 horas para entrega do projeto), a execução do projeto propriamente dita, e a verificação do seu desempenho no ensaio dinâmico com o equipamento do concurso.

Para ver outros concursos, pesquise no Youtube por Concurso Travessia.

Sobre o rompimento da barragem de Quati-BA

As notícias do rompimento da barragem em Quati na Bahia ainda não parecem claras sobre as possíveis causas, mas pode- se tratar tecnicamente da discussão de suas causas.

Conforme notícias veiculadas, a bacia hidrográfica do Rio do Peixe, que corta a região, sofreu chuvas intensas e contínuas, aparentemente atípicas para a região. Consta que foram medidos 100 mm de chuva em 24 horas, o que teria acumulado cerca de 180 mm. Há também indicações de transbordamento e de que técnicos teriam identificado “rachaduras” na barragem.

Tecnicamente pode-se comentar que para se identificar chuvas excessivas deve-se tomar como referência as médias históricas da região e realizar um tratamento estatístico destes dados a fim de se verificar tal informação com base em informações hidrológicas. A partir destes dados deve-se verificar ou estimar as condições de vazão do vertedouro da barragem e … continua

As chuvas de março em São Paulo e a Engenharia

Novas tragédias ocorreram há poucos dias, na noite de 10 para 11 de março de 2019. Os noticiários indicam que a Região Sul da Capital e o Grande ABC da Paulista tiveram 13 mortes, sendo 7 por afogamento, 4 (da mesma família) por deslizamentos de terra em Ribeirão Pires e um bebê em Embu das Artes (https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2019/03/11/veja-quem-sao-os-mortos-por-causa-da-chuva-na-grande-sp.ghtml).

Trata-se de uma questão dolorida para a Engenharia quando esta se pergunta: o que poderíamos ter feito para evitar a perda dessas vidas?

E mais: estações de trem, rodoviárias e outros transportes públicos amanheceram sem condições de atendimento à população. O rodízio de automóveis foi suspenso devido à impossibilidade de se pegar um transporte público, porém a recomendação no dia seguinte foi de não sair de casa, mesmo porque seria praticamente impossível chegar ao trabalho ou à escola devido aos alagamentos que ainda persistiam. Aulas foram suspensas. A Via Anchieta estava bloqueada por alagamentos. Indústrias deixaram de produzir, empresas sofreram perdas das instalações. Tudo isso, além das vidas perdidas, monstra que o prejuízo à economia e ao patrimônio de forma geral foi muito alto.

E o que a Engenharia poderia ter feito para evitar tantos prejuízos? Pois bem, vamos fazer uma análise do que poderia ter sido feito ou não do ponto de vista técnico.

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Entendendo a liquefação na barragem de rejeitos de Brumadinho

Após a entrevista concedida ao Fantástico, este artigo pretende ilustrar como ocorre de fato a liquefação numa barragem de rejeitos como a do Córrego do Feijão, em Brumadinho – MG, que resultou na tragédia que deixou perplexo o nosso país.

O fenômeno envolve uma série de conceitos de Mecânica dos Solos, como tensões total, neutra e efetiva no solo e condição de solicitação não-drenada, os quais serão tratados com mais detalhes posteriormente em outros artigos. Aqui se explicam as linhas gerais de como ele ocorre.

Usaremos inicialmente uma imagem da barragem (figura 1) disponibilizada pela Rede Globo para ilustrar a ruptura:

Figura 1 – Vista Frontal da barragem no início da ruptura (embaixo, lado direito).

Observem que a ruptura iniciou-se no talude mais baixo, o qual aparece indicado com uma seta na vista em planta da Barragem I na figura 2:

Figura 2 – Vista aérea (planta) da barragem com indicação da região aproximada do início da ruptura (adaptado de Silva, 2010).
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Entendendo uma barragem de rejeitos de minério como a de Brumadinho

Esse artigo apresenta um breve resumo do que é uma barragem de rejeito de minérios construída à montante, caso da barragem que rompeu e gerou a tragédia de Brumadinho. Faz-se também uma breve comparação com outros métodos de alteamento.

“Altear” significa aumentar a altura da barragem. Isso é feito construindo-se diques que podem ser feitos com a parte mais grossa selecionada do próprio rejeito de minério que a mesma vai conter. O rejeito é transportado por tubulações, sendo arrastado por água, o que barateia o seu transporte. Dessas tubulações o rejeito saturado de água é lançado conforme o processo chamado de “aterro hidráulico”, de modo a formar uma “praia”, em que as partículas mais grossas (arenosas) que sedimentam rapidamente ficam próximas do dique, enquanto as mais finas (siltosas e argilosas) sedimentam vagarosamente, a partir da suspensão líquida, na região mais distante do dique.

Esse tipo de barragem com alteamento à montante possui diques que são construídos um sobre os outros, porém deslocados na direção da montante (parte elevada da encosta). Isso resulta em economia de material, porém também em menor massa de contenção do rejeito. As figuras 1 e 2 mostram um exemplo de como é feito este alteamento.

Figura 1 – Esboço em perspectiva de uma barragem com alteamento à montante. Notar o dique de partida em vermelho e a tubulação de transporte do rejeito (por Kurt Amann).
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